Minha referência em Campinas para comida alemã sempre foi o Bar do Alemão de Itu, mas fiquei bastante decepcionado na última vez que fui lá (poucas opções de cerveja e ambiente meio deprê) e alguns itens do cardápio (como a entrada da casa) são bem bobinhos para o preço cobrado.
Mas recentemente foi na Cantina Alemã e já até esqueci do restaurante que mencionei acima. O preço é melhor e a qualidade da comida é melhor! Bastante tradicional na maneira de preparar os pratos e nos itens disponíveis, esse restaurente super ambiente e não atraente pelo lado de fora não deixa a desejar.
As entradas (salada de batata e salsichão) e o prato principal (joelho de porco cozido, não assado) estavam muito bons! As opções de cerveja são poucas (chopp Brahma), mas servidas direitinho. A sobremesa (apple strudel) parece super tradicional e bem feita, masperdeu alguns pontos por aparentemente ter sido requentada. No final até cafézinho surpreendeu (um bom Treviollo).
Recomendo fortemente!
Gosto muito de comida árabe, mas os restaurante árabes no Brasil sao muito pouco criativos e, na minha opinião, já ficaram todos meio parecidos demais. Alguns são muito bons, como o Papai Salim em Campinas ou os Almanaras, mas recentemente encontrei uma deliciosa surpresa: Delícias Sírias, em Campinas.
O restaurante serve comida árabe (síria, mais precisamente) no sistema por quilo. O ambiente é simples, o preço é bom e o buffet não é cheio de opções como acontece em muitos restaurantes desse estilo. Porém, todos os itens tem clara inspiração árabe e nenhum cedeu à pressão de "amenizar sabores para agradar clientes". Em especial, foi ali que encontrei o melhor falafel que já comi (e olha que nem era fã de verdade desse item).
As sobremesas também são ótimas, com destaque para o pudim de semolina (não tenho certeza do nome), que é bem pouco comum no Brasil e delicioso!
Na minha pesquisa de pós-doutorado, me proponho a analisar como o conhecimento do futuro professor de matemática evolui ao longo de sua licenciatura (e possivelmente nos primeiros anos de sua atuação profissional). Para isso, e com base em refererências como [1], decidi conceber um instrumento com questões em três formatos:
A terceira categoria é composta por questões inpiradas em trabalhos como [2], já a primeira e a segunda podem ser vistas como extremos de um contínuo, que vai das questões muito procedimentais até as questões muito conceituais. Ao conceber as questões das duas primeiras categorias me peguei questionando se as questões eram de fato conceituais ou procedimentais ou se eu estava variando outros componentes como a dificuldade da questão.
A ideia que surgiu para obter algum nível de validação dessas questões como sendo procedimentais ou conceituais foi utilizar comparative judgement: dados um conjunto de questões criadas por mim, será que a ordenação gerada via comparative judgement por um grupo de pessoas envolvidas com ensino de Matemática e formação de professores coincide com a minha expectativa?
Com essa pergunta em mente, fiz o upload de 26 questões para o nomoremarking.com e consegui a participação de 12 juízes, cada um fazendo 30 comparações. Em conversas com eles, a sensação foi de que cada comparação levou em torno de 30 segundos, a média foi de 22 segundos mas com desvio padrão de 30 segundos.
Após a remoção de 2 juízes que tiveram alto nível de desvio do grupo, o resultado está mostrado abaixo. O eixo superior mostra uma escala de 0 a 100 gerada pelo algoritmo em que os valores representam o "nível de conceitualidade" de uma questão (perto de 100 muito conceitual, perto de 0 muito procedimental).
Os números são apenas identificadores de cada questão. As bolinhas vermelhas representam questões que eu concebi como procedimentais, enquanto que as azuis são as conceituais. O arranjo em linhas serve apenas para agrupar as questões por topicos (no meu instrumento, sempre terei uma conceitual e uma procedimental para cada tópico).
Uma análise visual rápida mostra que o ordenamento do comparative judgement confirmou a minha expectativa para a grande maioria das questões, com exceção da 34 e da 18. Também fica clara a ocorrência de dois grandes grupos: um com questões que vão de 0 a cerca de 60 e outro de que vai de 60 em diante. Além disso, no geral, o distanciamento entre uma questão procedimental e outra conceitual no mesmo tópico foi superior a 25, com exceção do tópico classificação de queadriláteros e dos pares 18 e 19 (frações) e 10 e 23 (área e perímetro).
Tendo isso em vista, removi as questões 10 e 18 da minha base de questões e fiquei com a necessidade de criar uma questão mais procedimental para o tópico classificação de quadrilátero e validá-la como procedimental. Aproveitando essa nova rodada de comparative judgement, inclui também questão no conteúdo "álgebra 1", em que a distância entre a questão procedimental e conceitual não era muito grande. Como resultado, obtive duas questões mais procedimentais, uma para cada um desses tópicos.
LI, Y.; KULM, G. Knowledge and confidence of pre-service mathematics teachers: the case of fraction division. ZDM, v. 40, n. 5, p. 833–843, dez. 2008.
MA, L. Knowing and teaching elementary mathematics: teachers’ understanding of fundamental mathematics in China and the United States. Mahwah, N.J: Lawrence Erlbaum Associates, 1999.
Uma das maneiras de utilizar o método comparative judgement (leia mais sobre no primeiro post da série) é usando o site www.nomoremarking.com. Apesar de oferecer serviços pagos, o site pode ser utilizado gratuitamente por professores, pesquisadores ou interessados em geral no uso de comparative judgement. Além de oferecer um FAQ bem útil e uma boa interface com as principais informações para realizar a análise dos dados, o site permite a exportação de todos os dados para formatos amigáveis e os algoritmos por trás estão disponíveis publicamente como pacotes do R ou explicados no blog de um dos responsáveis.
Depois de fazer o cadastro, uma leitura no support da página explica como proceder, mas os passos principais são:
A recomendação deles é de que qualquer juiz com infit (uma medida de desvio acumulado em relaçãoàs decisões do grupo) superior a 1.3 seja excluído e que candidatos com infit superior a 1.3 seja tratados de forma separada.
Uma outra funcionalidade permitida pelo site é usar a ordenação para gerar algo mais próximo do que seria uma nota. Para isso, você precisa definir candidatos que serão usados como referência para essa atribuição de nota. Algo como "esse cara é um 5", "esse cara é um 6" e assim por diante. Com isso feito para várias notas diferentes, o sistema calcula qual seria a nota de cada um dos candidatos. Infelizmente não posso entrar em mais detalhes porque não usei esse funcionalidade ainda.
O funcionamento geral do algoritmo segue o que é discutido em [1]. Um detalhe interessante é que o sistema usado no site não faz o pareamento de candidatos de forma aleatória, mas tenta levar em conta as comparações que podem ser mais úteis. Basicamente, depois de um tanto de comparações, não adianta muito comparar o líder com o último colocado, pois este vai muito provavelmente perder denovo, mas é mais útil comparar o sétimo com o oitavo, que estão pertinho e podem eventualmente trocar de posições. Por conta disso não é necesśario fazer absolutamente todas as comparações possíveis.
No próximo post da série explico o uso que fiz do julgamento comparado para validar uma parte do meu instrumento de coleta de dados da minha pesquisa de pós-doutorado.
[1] POLLITT, A. The method of Adaptive Comparative Judgement. Assessment in Education: Principles, Policy & Practice, v. 19, n. 3, p. 281–300, ago. 2012.